Olham para a infinita escuridão acima e não sentem nada… Acham que são o centro do universo, mas sequer aprenderam viajar em meio a ele. Contradizem-se com as próprias regras que impõem. Acumulam dívidas de sofrimento e empurram para o próximo pagar. Sabem o que é bondade, mas a ignoram justificando que o mundo lhe obriga apenas sobreviver. Para cada um que ganha muitos outros perdem, mas esquecem que para cada um que compartilha, outros recebem. Documentam acontecimentos, mas não possuem certeza da própria história.
São uma espécie única, entretanto preferem se classificarem por etnias. Cometem atrocidades diariamente conseguindo generalizar que tais maldades são inevitáveis. Dizem que procuram evitar o confronto, mas foram moldados por guerras. Criam armas para se defenderem de si mesmos. Acham que estão evoluindo por usarem tecnologias que sequer são suas, mas ainda deixam crianças morrerem de fome, espancam mulheres, abandonam idosos, destroem a natureza e se separam por dinheiro.
Consideram-se maiores a quem têm menos, mas o planeta que moram é apenas um átomo em relação ao cosmo. Admiram pessoas especiais, mas as esquecem quando morrem. Para cada um que partiu existem estrelas milhões de vezes maiores que sua própria Terra. Então ao olhar para cima pare de não sentir nada. Criam deuses, respeitam crenças e se limitam em pensar que já descobriram a verdade.
Pedem ajuda ao desconhecido, mas esquecem de agradecer a quem realmente lhe estendeu a mão. Aconselham outros a aproveitarem a vida, mas gasta maior parte da sua preso a algo. Arrependem apenas quando perdem. Valorizam apenas quando ganham. Culpam apenas quando sofrem. Julgam pessoas pelo que fazem e não pelo que querem. Profissões que limpam a sujeira do seu mundo são menos valorizadas que as que sujam. Tornaram-se atores interpretando papeis para cada ocasião.
Importam-se com o conveniente e esquecem a dor de ser ausente. Sorriem enquanto outros choram. Deixam pessoas erradas nos lugares que eram pra estarem às corretas. Cultivam o mal e esperam colherem o bem. Viajam quando dormem, mas reclamam que estão no mesmo lugar ao acordar. Encaram a vida como desafios, mas esquecem dos obstáculos.
Consomem notícias ruins e compartilham manchetes fúteis. Ocultam a bondade e expõem maldade. Assustam os medrosos para perderem coragem de fazerem a diferença. Querem projetar o futuro sendo que o presente é instável. Procuram se importar com o universo sendo que não cuidam da própria morada. Acreditam que algo acontecerá com o planeta quando vocês mesmos que o estão destruindo. Investem bilhões em futuras sucatas espaciais enquanto inocentes morrem por desigualdade.
Culpá-los? Não… Infelizmente não posso fazer isso. Afinal de contas, ofereci o livre arbítrio a sua espécie. Aquela liberdade no qual usam como justificativa para seus atos. Mas um dia irão descobrir que não estão sozinhos. Saberão que não são aquilo que imaginam. Não são especiais, invencíveis e exclusivos. Serão subestimados e confrontados com a realidade que vivenciam.
Forças além de suas compreensões definem a dimensão em que estão. Quando isso acontecer serão forçados a se unirem de uma forma no qual nunca conseguiram. Feriram, desprezaram e magoaram de todas as formas uns aos outros e pela primeira vez terão que ser apenas os defensores, não da própria vida, mas sim a de todos. Será à hora de provarem que são aquilo que acreditam ser…
Autor: Wesley Mina