Estes olhos fixados em mim, ridículo… não sei como aguenta viver assim. Explique-me qual a graça disso? Locomovendo-se sem rumo, perdido, sem objetivo. Ah… mas eu consigo sentir sua inveja, esta cobiça de estar do outro lado. Vai e volta, vai e volta, sempre repetindo o mesmo roteiro. Nada mais importante a ser feito, apenas ficar me encarando. Muitas de forma repentina na expectativa de ocorrer algo diferente. Aff… não vai acontecer nada então pare com isso! Odeio quem aguarda o inédito de uma lógica imutável. Meus antigos colegas tinham este mesmo costume e por culpa deles fiquei de castigo, preso neste quarto tendo que aguentar você. Eu vivia dizendo – Não podemos brincar lá! É perigoso! – Se estava escrito “Proibido atravessar” então tínhamos que obedecer. Infelizmente só sabemos quem são más companhias quando já é tarde demais e nos ferramos pela inconsequência alheia. Mas no meu caso é temporário, sairei daqui em breve e terei minha liberdade de volta. Em algum momento alguém retornará. Não vejo a hora! Pedirei desculpas a mamãe seguido de um abraço apertado. Prometerei nunca mais desobedece-la. Estou aprendendo a lição. Confesso já estar ficando meio maluco preso contigo aqui. Quando eu for embora pode deixar que contarei sua história: O gigante desejando um aquário.
Autor: Wesley Mina